2.4.09

Budapeste.



O zsimpla situa-se no bairro judeu e é daqueles sítios o"k"upados em que através de uma entrada bastante duvidosa, constituida por aquelas tiras de plástico que dividem a zona da charcutaria nos hipermercados, se abre numa sucessão interminável de espaços "aleatorimente" distribuidos, circunstancial e caoticamente adaptados e decorados com todo o tipo de mobília que se pode encontrar no mercado do outro lado da rua. Onde até a antiga casa de banho serve de espaço útil e as pessoas se sentam na banheira. Onde a cobertura é um plástico estendido sobre as paredes que continuam curiosamente erguidas, apesar da altura ser muito variável a cada meio metro de comprimento, e que no Verão é retirada. Onde o desleixe é só aparente, e a forma como lida com a precariedade é de um charme brutal.
Budapeste está povoada de sítios geniais, como aquele bar em que te oferecem "alfinetes" e todas as superfícies estão cobertas de tudo o que as pessoas possam eventualmente trazer na carteira. Para não falar dos amendoins oferecidos, cujas cascas são atiradas para o chão - acto que, para quem vem da Austria, diga-se, é bastante liertador -, fazendo com que seja impossível distinguir de que é revestido o pavimento. Como aquele miradouro em que subimos para lá ficarmos "horas". Como aquele bar cheio de brinquedos dos anos 20 e fotografias antigas na parede, enquanto que as mesas em que pousávamos os copos se vestiam de toalhas de um padrão tradicional encarnado.
Numa casa de banho havia um cartaz que dizia: "If you're bored, it's not our fault. Budapeste".
A cidade vive muito. Eu também vou viver o bastante para lá voltar.


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