23.3.09

baile de outono.





Baile de Outono, de Veiko Õunpuu. Onde a fotografia é um lugar perfeito e a solidão um lugar comum.

20.3.09

mixed happening.


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A única certeza que tenho é esta estranha e perturbadora sensação de que me sinto ser a pessoa mais (in)dependente do mundo. Tanto oscila aos empurrões do vento como se mantem estável com o sol. Ambos não existem em Graz.

15.3.09

"a escala das coisas".


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Como tudo muda, quando muda a referência... As coisas são aquilo que as rodeia. Mudem o contexto e mudaremos, mudem a sociedade/rede social e seremos solitários ou populares, seremos valiosos ou anónimos, seremos grandes ou pequenos.... Mudemos de vez em quando e perceberemos o nosso verdadeiro valor.
aprendiz de pedreiro


Erasmus tem sido quase como que um laboratório de experimentação, não só do nosso "verdadeiro valor", mas da capacidade ou força interior que temos para instantanea e forçadamente nos desprendermos das redes que seguram o nosso conforto, e naturalmente aprender a criar outras, novas, com nós e laços desconhecidos. Não há nada mais revelador, do que nos despirmos e nos vermos pelos olhos de alguém que nos examina pela primeira vez. As relações humanas mais débeis, tornam-se subitamente toda a construção emocional possível. De frágeis, subitamente, se convertem sólidas, e, sem darmos conta, na base que nos sustenta e que assegura o nosso não desmembramento quando andamos na rua. Toda a percepção do tempo se dilui... dividindo-se num misto de velocidade frenética, e de espécie de estacionamento imperceptível. O que vivemos aqui não é bem um tempo específico num lugar específico, mas toda uma reavaliação do que somos. Percebemos que o que queremos ser daqui para a frente não é assim tão essencial, desde que consigamos ser sempre, livremente, em qualquer momento. Ao mesmo tempo, não deixa de ser um imenso paradoxo o facto de que por muito que procuremos um conjunto de imagens que hipoteticamente possam servir de síntese, ou de sistematização, estas não deixam de ser já datadas, de tão curtas neste prazo sem validade. No mínimo, se há sentimento que possa condensar alguma coisa, é o de que não há nada mais libertador do que não ter de corresponder a expectativas, de perceber que o importante é entender que as ter/criar/procurar por princípio, não é nada mais do que, para um modo de usar a vida, uma concepção global muito redutora.

12.3.09

reprise.



Raramente repito filmes - como aquelas pessoas que vêem os filmes por layers, atentas primeiro ao conjunto, e depois a diferentes particularidades, em cada uma das vezes, até que estes se esgotem. Mas, se alguma vez, em algum momento, algo haveria de me fazer mudar, não seria apenas a coincidência de que o filme se chama "Reprise" (ou o conhecer uma pessoa que é igualzinha a um dos actores principais), mas talvez o facto de que "fascínio" pode bem sintetizar o sentimento que "ainda" e antecipadamente nutro pela cultura norueguesa.

10.3.09

Oh Oslo devotion.



Não sei o que nos leva a considerar se uma cidade pode ser qualificada num determinado género. Se a densidade ou compactidade, cor ou luminosidade, tudo combinado, pode generar um carácter masculino ou feminino. Se o que qualifica a cidade é, em si, o seu contexto fisico, ou o modo como as pessoas nela vivem – o modo como se abre ou fecha e elas a recebem, o modo como com ela se relacionam ou como são activa-passivamente levadas a isso. Se é o primeiro que é determinante no segundo, ou o segundo estruturante do primeiro.
Não sei o que me leva a conseguir achar que uma cidade é mais sensual ou mais refinada, sem saber se isso se deve propriamente à cidade, ou ao que é nela circunstancialmente impresso pelas pessoas.
Mesmo assim, para mim, Oslo, com árvores elegantes e edifícios castanhos que pairam em camadas homogéneas e estratificadas daquilo que tu comparaste com "pó de açúcar", é definitivamente feminina.
Também sei que a minha percepção de uma cidade se deve em muito às pessoas com quem se partilham as primeiras impressões. Se deve bastante ao ter chegado e saído de Oslo de madrugada, com uma luz em modo crescente. Se deve ainda mais ao "Blºa", e ao respectivo concerto de Buraka (porque não existe nada mais bonito e inspirador do que ver um grupo de noruegueses polidos comportar-se quando se lhes salta a tampa.)
No entanto, apesar de cosmopolita, culta e inteligente, com um nível de vida claramente acima da média e onde tudo é estupidamente caro - (e apesar ainda dos glaciares no limbo das platibandas a ameaçar a vida das pessoas, não fossem umas "bandeiras" esfarrapadas a avisar os mais distraidos) -, engana na sua dimensão. É verdadeiramente grande mas relativamente dispersa. Tudo se concentra num centro que, pela escala que tem, indicia uma dimensão muito maior daquela que na verdade possui; e pela não existência de um "legado histórico visível", não deixa perceber a raiz ou identidade da cidade, o que não deixa de ser algo "perturbador" para um europeu.
A minha "Oslo" será para sempre relativizada a refeições com puré, pessoas Bonitas, saudáveis e incrivelmente simpáticas. Serões com bom vinho, onde cinema e música são o tema de conversa predominante... Pequenos-almoços calorosamente reconfortantes... Bares extremamente bem decorados (ou extremamente bem vandalizados. :) ) e uma atmosfera de anos 60.
No fundo, uma "cidade" (no termo abrangente que refiro no início) que, em 3 dias, tem a capacidade de te fazer sentir em casa, só pode ser amor. E isso não tem preço.





© the build up

2.3.09

mapas mentais.


planta 1.1000

Um mapa parcial da cidade de Graz é dividido em peças, de modo a simular um puzzle. Cada uma, representada num plano abstracto e codificado, é posteriormente substituída por uma imagem que caracteriza a área delimitada pelos contornos da primeira. Uma vez que a percepção de cada um de um mesmo espaço é única e que as interpretações de uma mesma situação são múltiplas; que as geometrias não têm sempre o mesmo rigor e que as dimensões muito menos se pautam pelo mesmo sistema de coordenadas, todo o conjunto se transforma numa representação sensível e pessoal da cidade.

Agora, se lhe quisermos extrair todo simbolismo e toda a metáfora, este poderia ser um entretenimento perfeito para um arquitecto.



TUGraz, RaumGestaltung Institut, 2007 @Kunsthaus

1.3.09

se a razão de existir do "fim de semana" pudesse ser condensado em músicas...

sábado e domingo...respectiva e metaforicamente, pelo igualmente boémio Lou Reed.