21.8.08

REDUX revisto.


Tenho andado um pouco distraída, mas já se encontra disponível há algum tempo a reprodução em vídeo (apesar de muito parcial, e da 3ª ser a única com um som inteligível - por coincidência, e certo azar, é a mesma única sessão a que assisti) de cada uma das 3 sessões do Porto REDUX: (Re)Habitar a Cidade.

Souto Moura diz que no que toca aos centros históricos, "há que investir com um certo pragmatismo", "criar facilidades", legislação e mecanismos para as pessoas investirem - "Nao podemos metê-lo em celofane, porque ele morre asfixiado"; e, no que diz respeito à periferia, dando o exemplo da sua colaboração na câmara da Maia, a necessidade de "qualificar como se fosse Florença".
Acrescenta ainda que o problema no Porto tem que ver com cultura, e os standards que a "classe média/alta" admite para si, os valores aos quais o poder económico dá importância. "O Porto não é culto. Gasta meio milhão de contos a fazer a casa Manoel de Oliveira e é tudo roubado, tudo destruido. Há uma cinemateca que investe, que participa; Manoel de Oliveira organizava ciclos sobre neo-realismo, cinema italiano: mostrava, comentava, viam-se os dele, e os dos outros.
E nao se diz “Nao há dinheiro”. Pergunta-se: “Quem é o Manoel de Oliveira?”.

Quando tocam na ferida, no assunto "motor" de todo estes debates, Miguel von Haffe Perez diz que o Mercado de Barcelona - usado muitas vezes como modelo para defender a "intocabilidade" (suspeito que esta palavra não existe) do Bolhão -, não pode ser aqui considerado pelo "espírito de merceeiro que domina a grande parte do médio-pequeno comércio da Baixa do Porto, em que "80% por cento das lojas expõe as mesmas camisas que não se vendem há 30 anos", nada equiparável ao nível de qualidade do serviço que o primeiro presta.

Highlight: o poder conceptual do discurso de Franscisco Barata: "
"O poder político tira muito partido destas contradiçoes/posições relativistas dentro da área disciplinar. Chama um que diz "assim", chama outro que diz "assado", chama um terceiro que diz "realmente é assim; pode ser tudo. vamos ver. vamos andando. depende e tal.".


Mais sobre a experiência Porto Redux:
- Redux: Alguns avisos politicamente (In)correctos; Nuno Portas.
- Debater criativamente a cidade; Nuno Grande.

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