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22.8.09

padrões poéticos.




"...a voz é outro corpo. É como outro corpo dentro do corpo e, para mim, a ser explorado como o resto do corpo... As palavras têm esta coisa muito curiosa porque são som e sentido ao mesmo tempo. E uma pessoa tanto pode explorar só o seu lado de sentido como pode só explorar o seu lado de som, como pode estar ali a jogar entre os dois. e esse jogo entre os dois é um mundo infindável. É algo que uma pessoa pode não fazer mais nada na vida, senao estar ali a explorar, que é o que faz um poeta... só que pôr a poesia na voz, ter essa cadência no corpo, é uma coisa muito fascinante. Interessa-me usar todos os meios que tem uma performance, na história da tal multiplicidade ser potência..."
(vera mantero, revista nexus:00, 2007 )

12.8.09

graz, trauttmansdorffgasse, 1, 2


poesia e selvajaria, vera mantero

20.2.09

raum experimente.

3 dias.
2 "dançarinos".
laboratório de cenografia.
projecto de um espaço coreográfico.





©the build up

26.6.08

ruínas.


©

Soldado - Tu não sabes nada sobre mim.
Eu fui á escola.
Fiz amor com a Col.
Os cabrões mataram-na, agora estou aqui.
Agora estou aqui.

(Encosta a espingarda á cara de Ian.)

Vira-te, Ian.
Ian - Porquê?
Soldado - Vou foder-te.
Ian - Não.
Soldado - Então mato-te.
Ian - Fixe.
Soldado - Vês. É melhor levar um tiro do que ser fodido e levar um tiro.
Ian - Pois.
Soldado - E tu agora concordas com tudo aquilo que eu disser.

Beija muito delicadamente Ian nos lábios.
Olham fixamente um para o outro.

Soldado - Cheiras como ela. Os mesmos cigarros.

O Soldado vira Ian com uma mão.
Com a outra aponta o revólver á cabeça de Ian.
Puxa para baixo as calças de Ian, desaperta as suas e viola-o - com os olhos fechados e a cheirar o cabelo de Ian.
O soldado chora convulsivamente.

O rosto de Ian revela dor mas ele permanece em silêncio.


(...)




Ruínas, Sarah Kane.
... na guerra civil.

Li o seu Teatro Completo,.... sinto-me como se me tivessem vomitado em cima. E eu descobrisse nesse acto e na ferida aberta e esquálida e tão pútrida que a obra de Sarah Kane expõe, uma força necessária e intrínseca. Depois, no meio da lama, aparecem estes rasgos de humanidade... e de esperança, ou desespero, não sei bem. (Como a mulher que lambe as lágrimas*...do homem que não a respeita, enquanto este chora e a possui... numa das 20 cenas da peça "Cleansed" - para mim a mais violenta, cruel e vulnerável, de todas.)

*semelhante ao momento "mais inspirado" de toda a escrita de Saramago.

25.6.08

4:48 (2)


©

"Todos os actos são símbolos
o peso deles esmaga-me

Uma linha picotada na garganta
                                                CORTE POR AQUI"



4:48 Psicose. Sarah Kane

4:48. (1)


©

"E saio às seis da manhã e começo à procura de ti. Se sonhei com uma rua ou um bar ou uma estação vou lá. E espero por ti.

(Silêncio)

Sabes, acho que estou a ser manipulada mesmo."




4:48 Psicose, Sarah Kane

2.6.08

corpos dissidentes.




"Os corpos dissidentes da peça dos Nut passam uma hora a construir, a desconstruir e a reconstruir a identidade neste universo em que "somos cada vez mais menos organismo e mais máquina"". (Público)

Da mesma companhia de "4.48 Psicose" (da dramaturga britânica Sarah Kane) (e a apresentar dia 6 de Junho), amanhã no TeCA, no âmbito do FITEI, a peça "Corpos dissidentes", - dos Nut teatro, uma companhia nova galega composta apenas por mulheres.
Segundo, Carlos Neira, o director artístico, "o olhar feminino é totalmente um outro espaço de intervenção", "com mulheres os resultados são sempre mais arriscados, são sempre mais directos (...) o trabalho que fazemos não é feminista, mas é feminino. (...) Não no sentido de termos preocupações, mas de termos ocupações: ocupamo-nos do feminino".

"Corpos dissidentes" é sobretudo, uma luta entre a simultânea permanência e obsolescência do corpo enquanto identidade - porque cada vez mais tudo é virtual, e cada vez mais, por outro lado, quase tudo é investido na imagem. Entre o dispensável, e o imprescindível, a evolução é extremada nos dois sentidos, cada vez mais opostos, mas implacáveis na sua coexistência.


O Festival prolonga-se até dia 8 de Junho, e promete trazer ao Porto - algumas salas e praças - daquilo que mais experimental se vai expressando na cena de teatro performativo da Península Ibérica.
Programa completo aqui.

2.4.08

AdA festival . Action in (and out) the Box.



O quê?
AdA é um festival europeu de artes performativas que cruzam a fronteira entre artes visuais, música, dança e teatro.

Onde?
Porto (1ª edição).

Quando?
10 a 12 de Abril.

Como?
Aberto a diferentes formas de expressão artística - "porque acredita na arte enquanto linguagem universal em progresso permanente e (que) a performance permite-nos expressar as ideias de forma mais imediata" - e a um público generalizado e de forma massificada, uma vez que grande parte das acções acontecerão em espaço públicos, e pedirão a participação activa das pessoas.

Em forma de viagem, "Esta é uma redescoberta da cidade, dos seus pontos-chave como a Praça da Liberdade e da Batalha, e das suas áreas naturais como o Jardim do Palácio de Cristal e a praia na Foz, mas também pátios e caminhos escondidos na Ribeira."

De certo modo, faz-me lembrar o 1º ano das aulas do Graça Dias, em que suportados n'As Cidades Invisíveis, nos convidavam a intervir no Porto, construindo um filme numa parte da cidade, através da sugestão de um percurso e de uma história.


Porquê?
Quem assistiu ás aulas do prof. Manuel Mendes sabe perfeitamente, e de cor e salteado que "Space is the appreciation of it" (por Aldo van Eyck) ; e quem assiste ás do (já professor) Gadanho, que "Perception asks for Participation" (por alguem que n me recordo).
:)

Quanto?
Gratuito.


Programa para os 3 dias aqui.




Como abertura do festival, no dia 10, pelas 18h e na Reitoria da UP, a Conferência PAST / ACTION / CUT! que pretende abrir um momento de crítica e reflexão sobre "O passado, presente e futura das Artes Performativas e a sua Documentação".
Qual é a obra final? A acção naquele exacto momento? Ou, o vídeo/foto capturada durante a performance?
Como é que o meio envolvente – a rua ou a galeria – altera o conceito da acção? Terá ainda o mesmo significado usar os espaços abertos para desempenhar, como no passado?
O que aconteceria se uma performance do passado acontecesse hoje?

são só algumas das questões que se pretendem responder, ou na impossilibidade disso, apenas discutir.


Paralelamente, e inaugurada no dia 27 de Março no Plano B, está já presente a Exposição Action in the Box, patente até ao data de fecho do festival.

"A Exposição Action in the Box, redescobre a relação entre acção e a sua documentação apresentando vídeos de participantes do AdA festival em acção.
A acção, momento de expressão livre, capturado pela câmara, será colocada dentro da caixa: a caixa, o espaço da galeria muitas vezes denominado white cube, mas também a caixa como a tv, o computador ou o leitor de dvd.

20.3.08

turismo infinito.





Vai estar de novo em cena no TNSJ a peça Turismo Infinito, de 25 de Março a 12 de Abril, cujo cenário é do arq. Manuel Aires Mateus e  encenação de Ricardo Pais. 

Baseada em textos de Pessoa, leva-nos numa viagem pela pluralidade da sua personalidade, numa experimentação performativa da(s) sua(s) escrita(s), representada aqui por uma sucessão de diversas vozes e personagens  - que, porque escrevem, existem -, em monólogos, num tom grave.
Já vi a peça em Dezembro, no âmbito do Portogofone, e tenho de admitir que a encenação é genial - negra e trágica, mas com um toque de humor quando é necessário. Por outro lado, o cenário, com um desenho de luz fabuloso, é um dispositivo óptico perpectivado de "um minimalismo brutal" em permanente tensão, que invade a sala, que dá ênfase a cada movimento, que dilata todas as distãncias, que abstractiza e abstrai. 

"a opressão a que os dois planos induzem é sublimada pela leveza quase geométrica que eu próprio tentei escrever com as marcações. Cada corpo vai sublinhando a geometria até ela ficar tao integrada que nos é já confortavelmente variável. (...)  O cenário, redesenhado pela encenação, com tudo o que isso implique de pretensão minha, permanece tão aberto á explosão como á implosão. Essa é a caracterísstica mais rica da cenografia, que se transforma num lugar contínuo de inesperadas reescritas." Ricardo Pais

Pode ser lida no programada peça, ainda sobre este, a conversa entre João Mendes Ribeiro - que exibe no mesmo espaço a exposição "Arquitecturas em Palco", de 25 de Março a 11 de Maio - e Manuel Aires Mateus, a que se deu o título de "uma nova geometria do espaço vazio".