26.6.08

ruínas.


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Soldado - Tu não sabes nada sobre mim.
Eu fui á escola.
Fiz amor com a Col.
Os cabrões mataram-na, agora estou aqui.
Agora estou aqui.

(Encosta a espingarda á cara de Ian.)

Vira-te, Ian.
Ian - Porquê?
Soldado - Vou foder-te.
Ian - Não.
Soldado - Então mato-te.
Ian - Fixe.
Soldado - Vês. É melhor levar um tiro do que ser fodido e levar um tiro.
Ian - Pois.
Soldado - E tu agora concordas com tudo aquilo que eu disser.

Beija muito delicadamente Ian nos lábios.
Olham fixamente um para o outro.

Soldado - Cheiras como ela. Os mesmos cigarros.

O Soldado vira Ian com uma mão.
Com a outra aponta o revólver á cabeça de Ian.
Puxa para baixo as calças de Ian, desaperta as suas e viola-o - com os olhos fechados e a cheirar o cabelo de Ian.
O soldado chora convulsivamente.

O rosto de Ian revela dor mas ele permanece em silêncio.


(...)




Ruínas, Sarah Kane.
... na guerra civil.

Li o seu Teatro Completo,.... sinto-me como se me tivessem vomitado em cima. E eu descobrisse nesse acto e na ferida aberta e esquálida e tão pútrida que a obra de Sarah Kane expõe, uma força necessária e intrínseca. Depois, no meio da lama, aparecem estes rasgos de humanidade... e de esperança, ou desespero, não sei bem. (Como a mulher que lambe as lágrimas*...do homem que não a respeita, enquanto este chora e a possui... numa das 20 cenas da peça "Cleansed" - para mim a mais violenta, cruel e vulnerável, de todas.)

*semelhante ao momento "mais inspirado" de toda a escrita de Saramago.

2 comentários:

  1. o texto é brutal yada yada yada ja te disse q quero mm ler isso e q a sarah kane faz agr parte do meu mundo imaginario mas o que eu quero mesmo dizer é:

    falaste em "vomitar-te em cima"?! :D

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  2. vomitar, pois.
    vamos ficar mais uma semana a falar sobre isso?! :)

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