23.3.08

antony. mulheres. emoções.


foto. peter hujar

"Em 1974, Candy Darling musa de Andy Warhol estava numa cama de hospital e tudo que restava de um passado de glamour eram lembranças. Apesar do cenário de dor, sofrimento e resignação, Candy estava com o seu melhor vestido e sua maquilhagem escondia as marcas de sofrimento, causadas pela leucemia e pela SIDA. Também flores, como despedida, completavam o quadro. É com esta imagem de uma superstar drag de Warhol que Antony and the Johnsons inicia a sua segunda obra: "I'm A Bird Now"."
via last.fm

Conheço-o desde aí e arrepiei-me, como nunca tinha acontecido, quando, num ar de "bebé" gigante e exposto como arma de amor e dor maciça, o ouvi no Theatro Circo, durante a digressão "Turning" com Charles Atlas - artista americano que combina video com a performance, responsável pela dimensão visual do espectáculo.
Altamente exclusivo e apresentado apenas em mais 4 salas europeias, baseou-se na sucessão de imagens - no momento captadas, processadas e projectadas por Atlas -; uma espécie de retratos vivos, íntimos e quase hipnóticos, de diferentes "mulheres" que, em cima de um apoio giratório no palco que lhes dava, lentamente, movimento, dotavam a música de uma personalidade muito própria, de uma força, intensidade e coerência arrebatadoras.










Treze mulheres (sim, porque se eram transexuais algumas delas incluíam-se no lote das que meio mundo hetero pagava para ter na cama – a proximidade a que estava delas serve como prova…) entraram entretanto em fila pelo fundo da sumptuosa sala, e sentam-se em frente ao palco. Uma a uma sobem ao palco onde em cima de uma placa giratória se expressam, se exibem, se desnudam de emoções…. Ternura, angústia, alegria, emoções expressas no limite, com imagens captadas por duas câmaras e que Charles Atlas sabiamente manipula numa estética belíssima. Arte! Belas, muito belas, nuas no tronco, debilitadas fisicamente fruto do avançar da idade, excessos de maquilhagens ou pinturas, voluptuosas ou não, negras, no fundo, mulheres e tudo o que se pode ver/ter/ser no sexo feminino. Ali, Atlas capta as angústias de Antony. A sua sexualidade está a nu, no fundo o filme da sua vida. A complexidade do espectáculo está aqui, mesmo que na genialidade se possa sentir que a meio a fórmula se pareça repetitiva. in*



A voz dele continua a mexer comigo. Trágica e luminosa... crua e doce... frágil, mas de um poder incrível. Capaz de desarmar e derrubar qualquer um.
Não sou excepção.

5 comentários:

  1. este post está: muito bom!!

    a mistura de frases tuas com citações de opiniões de outras pessoas, a colocação das imagens e até o sitio onde introduziste os links... oh pa... amei! acho q esta mm bem feito!

    fui ouvir antony and the johnsons.

    eu nao gosto de homens a cantar. mas a voz dele é mesmo fragil... desarma, de facto. Gostei. Muito.

    e ainda gosto mais de ti, depois deste post magnificamente bem executado.

    p.s.: o sushi é amanha! tens q vir, nao vais ficar em casa do teu tio ate à noite!!!!

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  2. :')

    gostas sim... o antony não é bem um homem.
    antony é amor.

    e pensei q conhecesses.. (como já vamos em "medio"...:D) para alem disso, foi o lou reed que o apadrinhou. :)


    bem.. e eu só ia na terça para aí... mas vou falar com os responsaveis pela minha educaçao e sustentabilidade financeira, sim?
    :D

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  3. Infelizmente não. Mas está na minha lista de concertos a não perder... é só encontrar um espectáculo e companhia algures no hemisfério Norte! :P

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